‘OPERAÇÃO CARNE FRACA’ DA PF DETONA COM FRAUDES GIGANTESCAS DOS MAIORES FRIGORIFICOS BRASILEIROS.ATÉ O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA FOI ENVOLVIDO.

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‘OPERAÇÃO CARNE FRACA’ DA PF DETONA COM FRAUDES GIGANTESCAS DOS MAIORES FRIGORIFICOS BRASILEIROS.



 A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (17), a operação “Carne Fraca” com objetivo de apurar o envolvimento de empresários e fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em esquema que fornecia licenças irregulares para frigoríficos. As investigações apontam que grandes empresas do ramo alimentício, como Friboi, Seara, Sadia e Perdigão, vendiam carne estragada e fora do prazo de validade.

“Os proprietários dessas empresas não prezam e não se importam de forma alguma com os produtos que estão sendo distribuídos no mercado”, disse o delegado Maurício Moscado, durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (17). O delegado disse ainda que não pode afirmar quando o esquema de fraude teria iniciado.

A “Operação Carne Fraca” se deparou com uma série de irregularidades praticadas por frigoríficos no país, desde os empreendimentos de pequeno porte às gigantes do setor BRF e JBS.

A investigação, baseada sobretudo em grampos da PF, identificou carnes com salmonela, podres e vencidas, o uso de ácido ascórbico, uma substância cancerígena, para “maquiar” produtos, além do uso de carne de cabeça de porco na produção de linguiças e até o suposto uso de papelão para reforçar a mistura transformada em salsicha.


Veja abaixo os maiores absurdos encontrados na operação:

Carne com salmonela

A investigação da Carne Fraca grampeou debates entre o agente de inspeção federal Carlos Cesar e o auxiliar operacional em agropecuária Carlos Augusto Goetzke, conhecido como Carlão, em que eles ponderam sobre o destino de uma carga de 18 toneladas de carne de peru infectada com salmonela, do frigorífico Souza Ramos: fabricar mortadela ou ração?

“Chega a causar náuseas a naturalidade com a qual ambos tratam a destinação a ser dada para a carne podre, com salmonela e altamente imprópria para consumo – colocar no digestor ou fazer mortadela”, afirmam os investigadores.

Diálogos interceptados pela PF também mostram um diretor da BRF, André Baldissera, conversando com um interlocutor identificado como Fabrício sobre a retenção de contêineres na Itália. Com base nos áudios, a investigação concluiu que as autoridades sanitárias da Europa haviam identificado no carregamento “traços de uma das variações da bactéria salmonela”.


Carne podre e vencida

Em uma conversa interceptada pela Polícia Federal entre Idair Piccin e Normélio Peccin, dois dos sócios do frigorífico Peccin, os empresários demonstram estar impressionados com a resiliência de uma peça de presunto podre, que quase não aparenta a condição. “Não tem cheiro de azedo”, garante um deles:

Normélio: Tu viu aquele presunto que subiu ali ou não chegou a ver?

Idair: Ah, eu não vi. Cheguei lá, mas o Ney falou que tá mais ou menos . Não tá tão ruim.

Normélio: Não. Não tá. Fizemos um processo, até agora eu não entendo, cara, o que é que deu naquilo ali. Pra usar ele, pode usar sossegado. Não tem cheiro de azedo. Nada, nada, nada.

Conforme a apuração da Polícia Federal, até mesmo Daniel Gonçalves Filho e Maria do Rocio, os dois líderes do esquema no Paraná, ficavam preocupados com o funcionamento o frigorífico Larissa, do empresário Paulo Sposito, tamanha era a “ausência de qualidade” em sua produção.

Em um diálogo com um funcionário, Sposito não se mostra surpreso com a substituição de etiquetas de validade em uma carga de carnes de barriga ou com a utilização de carnes vencidas há três meses para a produção de outros alimentos. “Se é que se pode chamar de alimento algo composto por restos não mais aptos ao consumo humano”, observa a PF.

A polícia apontou que fiscais recebiam propina para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. A carne era distribuída em estabelecimentos em todo o  Brasil e exportada para Europa.

“Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos, com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente", diz a nota enviada pela Polícia Federal.

As investigações apuraram que carnes podres, fora do prazo de validade, tinham etiquetas trocadas e eram vendidas normalmente.

A Operação

A Polícia Federal investiga o caso há cerca de dois anos, com a suspeita de que o esquema seria liderada por fiscais agropecuários e empresários do ramo de agronegócio. Se constatadas as suspeitas, os envolvidos serão indiciados por crimes contra a Saúde Pública.

Hoje (17), estão sendo cumpridos 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e empresas suspeitas de participação no esquema. Os mandados estão sendo cumprido nas cidades de São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.

A justiça determinou o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 1 bilhão. Entre os investigados está a BRF, conglomerado que surgiu da fusão da Sadia e Perdigão; e a JBS, responsável por marcas como Friboi, Seara, Big Frango e Resende.

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