400.000.000.000,00, DE JUROS PAGOS PELO GOVERNO!
Esta semana li na imprensa econômica
uma projeção citada pelo ex-ministro Delfim Neto: o governo brasileiro deverá
pagar este ano R$ 400 bilhões de juros para remunerar a dívida pública. É um
número astronômico: 400.000.000.000,00. Em termos relativos, ou seja, em
relação ao que isto corresponde do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma de
todas as riquezas produzidas pelo país) é mais do que o dobro na comparação com
os anos anteriores. É o lado pouco trombeteado do chamado “ajuste”.
É para manter a dívida pública
administrável, diga-se, que o ajuste atual está sendo feito. Se há quem lucre
com o “aperto dos cintos”, estes são os credores da dívida, as instituições
financeiras, os bancos. O ajuste, afinal, é principalmente (e não apenas, é
claro) para que o país eleve o seu superávit primário, a reserva de dinheiro
para pagar os juros.
Mais de R$ 1 bilhão ao dia devem sair
dos cofres públicos para pagar juros em 2015. R$ 41 milhões por hora. R$ 694
mil por minuto. R$ 11,5 mil por segundo. Assim como comerciantes paulistas
bolaram um placar que contabiliza o quanto brasileiros pagam em impostos, por
que não colocar na Avenida Paulista um placar para mostrar o quanto o país paga
de juros? Os números vão girar rápido na tela de plasma.
A questão, evidentemente, não é de
hoje, e não se circunscreve aos governos Dilma, Lula ou FHC. Em termos de
forças políticas de maior expressão, diga-se, o PT foi último (até 2002 quando
Lula assinou a Carta ao Povo Brasileiro comprometendo-se a honrar os
compromissos da dívida) a colocar na agenda pública um debate dessa natureza.
Pode ser que não haja outro caminho,
nem outro horizonte nos próximos anos, que livre o país deste enredo. OK. Mas
também fica difícil explicar as carências todas de serviços públicos sem este
componente tão básico e gritante: o direcionamento dos recursos (que come
parcela gigantesca do Orçamento Federal) para instituições financeiras. Claro
que corrupção, desvios, má gestão contam, e muito, para explicar as
insuficiências na saúde, educação etc, mas e a drenagem dos juros? Por que não
colocar este elemento em debate, ao menos levá-lo em conta? Algo para que
futuras gerações possam maturar alternativas, quem sabe. Para que não vire sina
eterna a pontuar nossos vôos de galinha na economia.
Não custa lembrar, conforme escreveu o
economista Luiz Gonzaga Belluzzo na revista Carta Capital recentemente, que
entre 1995 e 2011, “o Estado brasileiro transferiu para os detentores da dívida
pública, sob a forma de pagamento de juros reais, um total acumulado de 109,8%
do PIB”. Ou seja: é como se em 16 anos seguidos de produção de riquezas por
todos os brasileiros, um fosse dedicado exclusivamente ao pagamento de juros
para instituições financeiras.
OK, não somos a Grécia (que quebrada,
desafiou os credores), não há o que fazer. Quem manda no mundo são as finanças.
É verdade. Os países são peças de um cassino global. Nossas riquezas, as fichas
de um jogo no qual as variantes fogem ao controle de governantes de plantão. Um
JURÔMETRO na Avenida Paulista, portanto, poderia nos lembrar cotidianamente
dessas verdades. Talvez fosse mais honesto com todo mundo.
br.noticias.yahoo.com/blogs/rogerio-jordao
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