BNDES VOLTA A FAVORECER O GRUPO FRIGORÍFICO MARFRIG
Em meio às celebrações da virada do ano, o BNDES selou um
acordo para, mais uma vez, favorecer o grupo Marfrig, um dos "campeões
nacionais" do governo Lula.
Com uma dívida de quase R$ 6,7 bilhões e valendo
R$ 2,1 bilhões na Bolsa, o Marfrig está numa situação financeira muito delicada.
R$ 2,1 bilhões na Bolsa, o Marfrig está numa situação financeira muito delicada.
O banco estatal aceitou adiar em um ano e meio o vencimento
de uma debênture (título de dívida) de R$ 2,15 bilhões do Marfrig -de junho de
2015 para janeiro de 2017.
O frigorífico também terá seis meses a mais para pagar R$ 130
milhões em juros dessa dívida, que venciam em junho deste ano.
O BNDES concordou ainda em manter um dos pontos mais
polêmicos da operação: a conversão das debêntures em ações, a um preço muito
acima do mercado.
O BNDESPar, braço de participação do BNDES em empresas, se
comprometeu a pagar em 2017 a quantia de R$ 21,50 por ação do Marfrig.
O valor é um pouco inferior aos R$ 24,50 acertado no
primeiro contrato dessas debêntures, selado em junho de 2010, mas está muito
acima do preço em Bolsa.
Na sexta-feira, as ações do Marfrig fecharam a R$ 3,96.
O acordo deve garantir algum fôlego financeiro ao
frigorífico, que cresceu com a ajuda estatal, comprando concorrentes no
exterior, e hoje não consegue administrar suas dívidas e é castigado pelos
investidores.
De acordo com comunicado divulgado na sexta-feira, a
operação com o BNDES vai permitir ao Marfrig obter um caixa positivo de R$ 100
milhões neste ano. Sem essa ajuda, "queimaria" mais
R$ 150 milhões de caixa.
R$ 150 milhões de caixa.
PÉSSIMO NEGÓCIO
O BNDES, por sua vez, tenta postergar um péssimo negócio. Se
as debêntures fossem convertidas hoje em ações, o banco pagaria R$ 2,15 bilhões
por uma fatia do Marfrig que vale atualmente menos de R$ 400 milhões na Bolsa
-um prejuízo de 81,4%.
No final de 2012, o BNDES teve a oportunidade de converter,
a preços de mercado, todas as debêntures (que chegavam a R$ 2,5 bilhões) e se
tornar dono do Marfrig. Na época, as ações valiam R$ 8.

No contrato entre o frigorífico e o banco estatal, estava
prevista essa prerrogativa se a empresa realizasse um aumento de capital. O
BNDES, no entanto, optou por converter apenas R$ 350 milhões, o que gerou
pesadas críticas.
O banco argumentou que foi uma exigência do Marfrig para
fazer o aumento de capital. O frigorífico, que já enfrentava problemas,
levantou R$ 2,3 bilhões no mercado e ganhou uma sobrevida.
Em meados de 2013, o grupo repassou a Seara ao concorrente
JBS, que assumiu
R$ 5,85 bilhões em dívidas. Por questões cambiais e outros débitos, o endividamento líquido da empresa, no entanto, caiu apenas R$ 3,168 bilhões e continua altíssimo.
R$ 5,85 bilhões em dívidas. Por questões cambiais e outros débitos, o endividamento líquido da empresa, no entanto, caiu apenas R$ 3,168 bilhões e continua altíssimo.
O Marfrig é um dos principais problemas da BNDESPar, que,
entre compra direta de ações e debêntures, já investiu R$ 3,5 bilhões na
empresa e é o segundo maior acionista, com 19,6%. O BNDES não comenta a
operação, e o Marfrig afirmou que vai se pronunciar apenas amanhã.
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